Fazer campanha eleitoral como fizemos, sem grandes
cartazes, panfletos e as “luzes da ribalta” viradas para nós, tem desvantagens,
mas tem proveitos, possibilita-nos o discurso directo, o diálogo.
Não intimidamos com a agressividade de um câmara ou de um microfone. Somos eu, tu ele, Nós.
Das vezes que estive presente no terreno, destaco o dia em que estive à porta da cantina universitária em Lisboa.
A maioria dos estudantes chegavam apressados, com os tempo contado para almoçar. Nessa pressa de uma rotina que se cumpre, é difícil interpela-los, todos os minutos são preciosos.
A abordagem, com o nosso panfleto, fotocopiado, onde estavam explicadas todas as instituições que controlam esta União Europeia, a sua descrição e funções, e o motivo da nossa campanha, conseguia-os parar, dialogar, perguntar, afirmar a sua opinião.
Podemos falar do Parlamento Europeu, era o assunto que nos definia. Mas de muito mais: dos tratados e directivas que nos governam os dias.
Dos novos formatos dos cursos, do preço das propinas, da dificuldade em pagar e estudar. Dos Pais que vêm os seus ordenados sangrados, dos que têm que trabalhar para poder estudar, dos bolseiros.
A conversa era a da empatia, era a conversa sobre o que nos turva os dias. E eles, que habitualmente, tentam camuflar a realidade dura em que vivem, em casa e na Universidade, revelaram-se .
Sentiram-se envolvidos na necessidade de saber mais, procurar, estar informado.
Criámos vários círculos de diálogo.
Quiseram saber como nos posicionávamos face a assuntos fracturantes, como o aborto, contracepção, co adopção, homossexualidade…..
Debatemos a importância da democracia na formação e existência cidadã. No respeito pelas consciências livres e responsáveis. Na tentativa autoritária de legislar as consciências e a ética.
Na co existência de todos numa sociedade livre.
Como é imperativo abrir o diálogo político, de nos organizarmos, um a um e em nós num todo, intervirmos dentro das associações a que pertencemos.
E juntá-las a partir das afinidades e revindicações. Para que possamos fazer a mudança e ter um País que é nosso, por um povo soberano nas suas decisões e que rejeita viver subjugado por interesses de outros, do grande capital financeiro e interesses transnacionais. Do FMI, do BCE e de uma Comissão Europeia conivente.
Falamos da importância de discutir com os pais, avós e tios que viveram o 25 de Abril, que nos possibilitou avanços e desenvolvimento, conquistados por eles e que lhes deixaram um legado que está a ser destruído vorazmente, num processo de perda impensável.
Da necessidade e responsabilidade de perceber a História. Nada se repete nem volta para trás. É urgente prosseguir e cumprir os ideais e a utopia : “ O povo é quem mais ordena”.
Texto para o Jornal MS
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